NOS BASTIDORES DA ADICCÇÃO: UM ESTUDO COM ACOLHIDOS DE UMA CASA DE RECUPERAÇÃO DA REGIÃO SUL FLUMINENSE
Resumo
O presente trabalho visou pôr em destaque, no âmbito da prática psicológica, a escuta da história de vida do adicto. O estudo foi desenvolvido de maneira qualitativa com 13 (treze) acolhidos de uma Casa de Recuperação na região sul fluminense. Realizamos um grupo focal visando identificar os contextos vivenciados. Os resultados obtidos foram analisados através da Análise de Conteúdo de Bardin. Representados por indivíduos que vivem à margem da sociedade, o adicto é inserido em uma categoria social depreciativa. Tornam-se sujeitos sem nome, sem rostos e reduzidos a tabelas estatísticas. A percepção social em relação a este indivíduo é reduzida a um único personagem: o dependente químico. Políticas públicas voltadas para a intervenção e a redução de danos são aplicadas. Todavia, o lugar de fala do indivíduo que utiliza as substâncias psicoativas é relegado e entregue ao reducionismo social do “sujeito incapaz”. Desse modo, entendemos que uma abertura para a possibilidade de nos encontrar com outro produz um enriquecimento subjetivo; uma vez que o método psicoterapêutico da escuta tem por objetivo devolver à pessoa, na medida do possível, uma possibilidade de enfrentamento às questões existenciais.
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011, 229p.
BOSS, M. A Medicina Psicossomática e o Princípio de Causalidade. Curitiba: Hexágono; 1975.
BRASIL. Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD). Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas- SISNAD. Plano Nacional de Políticas Sobre Drogas. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Residências Terapêuticas: o que são, para que servem. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
FORGHIERI, Y. Psicologia Fenomenológica: fundamentos, método e pesquisas. São Paulo: Pioneira, 1993. 81p.
GODOY, A. Pesquisa Qualitativa Tipos Fundamentais. Revista de Administração de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Brasil, 1995.
LIMA, A. A dependência de Drogas como um Problema de Identidade: possibilidades de apresentação do 'eu' por meio da oficina terapêutica de teatro. 2005. 261 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
MELO, J; MACIEL, S. Representação Social do Usuário de Drogas na Perspectiva de Dependentes Químicos. Psicologia: ciência e profissão jan./mar. de 2016 | 36 (1), 76-87.
NASCIMENTO, M; MANZINI, J; BOCCO, F. Reinventando as práticas Psi. Psicologia & Sociedade; 18 (1): 15-20; jan/abr. 2006.
RODRIGUES, T. Política e Drogas nas Américas. São Paulo: EDUC: FAPESP, 2004.
SANTOS, M. Políticas de Cuidado a Pessoas com Transtornos Decorrentes do Uso de Drogas: controvérsias em torno das Comunidades Terapêuticas. 41º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS. SPG11 Drogas, atores e sociedade. Porto Alegre, 2017.
TRAD, L. Grupos Focais: conceitos, procedimentos e reflexões baseadas em experiências com o uso da técnica em pesquisas de saúde. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 19 [ 3 ]: 777-796, 2009.