“SOMOS TODOS IGUAIS”: NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO, MODERNIZAÇÃO ECONÔMICA E SEGREGAÇÃO RACIAL NA COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL (1964 – 1970)
Resumo
Esta pesquisa, analisando a primeira metade do período da Ditadura Militar, tem o objetivo de descrever e contextualizar o modo como a Companhia Siderúrgica Nacional promovia junto aos seus trabalhadores os ideais de nacional desenvolvimentismo e de modernização da economia, associando-os à ideia de que existiria na empresa uma democracia racial, ao mesmo tempo que reproduzia no seu interior esferas de estratificação social e desigualdade. No processo de construção de Volta Redonda, a dominação do espaço social pela CSN prevaleceu. O status da posição ocupada pelos agentes e grupos de agentes sociais, dentro da empresa, definiu sua distribuição e poder na cidade, que sempre foi tratada pela CSN como uma company town, ou seja, uma cidade moldada para atender às necessidades da própria empresa. A formação socioeconômica de Volta Redonda, é reflexo desta perspectiva que propõe um modelo geográfico e econômico de estratificação social, abarcando relações sociais hierarquizadas e conflitos entre os atores sociais que compõe a cidade. A maioria das pesquisas dentro da perspectiva da História Social do trabalho feitas sobre Volta Redonda, durante a ditadura militar, enfocam o período final dos anos de 1970 e os anos 1980. Isso resulta numa menor contextualização sobre os abusos de poder dos militares contra os trabalhadores da cidade, passando uma impressão de certa passividade dos operários. Poucos são os trabalhos que analisam as estratégias que os militares, por meio da CSN, utilizaram visando instrumentalizar a formação ideológica dos operários. Diante deste quadro historiográfico, ainda hegemônico, pretendo matizar esses pontos de vistas, propondo uma nova interpretação para o período na perspectiva da história social do trabalho, particularmente no que diz respeito às conexões entre a questão racial e de classe. A proposta apresentada aqui se contrapõe às abordagens que insistem na primazia do debate econômico na historiografia do trabalho. Esta pesquisa dá ênfase à abordagem cultural, analisando discursos e trazendo a relevância das relações de etnicidade, levantando provocações ao modo de se pensar a formação de classe operária aliada ao debate de classe e raça.
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