Os registros que fazem sumir...

  • UGB FERP UGB
  • Elisa Ferreira Silva de Alcantara

Resumo

Luiz Antônio Batista (2001), escreveu um texto intitulado “A fábula do garoto que quanto
mais falava, sumia sem deixar vestígios: cidade, cotidiano e poder”. O autor apresenta a fala
que faz sumir: a queixa da professora, o encaminhamento da coordenadora a uma psicóloga, o
diagnóstico psicológico. A mãe do menino foi chamada à escola e demonstrou sentir culpa
pelo filho não corresponder à expectativa escolar. O menino passou a ser alvo dos cuidados da
cidade e recebeu um diagnóstico e uma história que o aprisionou na previsibilidade. As falas
dos especialistas, as anamneses, os diagnósticos faziam o menino falar e falavam do menino e
quanto mais se falava dele mais rápido ele sumia. Assim como nesta fábula, muitas “falas”
usadas pela escola podem fazer “sumir” como os relatórios descritivos, os boletins com suas
notas, as fichas de acompanhamento, os laudos psicopedagógicos e psicológicos, as atas de
conselho de classe e outros registros. Eles podem fazer falar e sumir ao encarcerar na
irreversibilidade do chamado fracasso escolar. A escola fala e faz falar através dos diversos
instrumentos de registro do desempenho dos alunos, mas, surgem as indagações: A escola
consegue refletir sobre todos os fatores que produzem o fracasso escolar? Será que o volume
de demandas e as suas urgências não acabam por produzir um ativismo sobreimplicado que
busca respostas rápidas para cada caso sem uma reflexão mais detalhada? Será que o sistema
avaliativo com seus diversos registros não tem feito muitos sumirem como o menino da
fábula?

Como Citar
FERP, UGB; DE ALCANTARA, Elisa Ferreira Silva. Os registros que fazem sumir.... Simpósio, [S.l.], n. 4, oct. 2017. ISSN 2317-5974. Disponível em: <https://revista.ugb.edu.br/index.php/simposio/article/view/461>. Acesso em: 24 nov. 2024.