SE BEBER, NÃO TRABALHE
relatos de um conflito metalúrgico na "cidade do aço"
Resumo
Uma importante empresa situada na Região Sul-Fluminense, com unidades em Resende e Barra Mansa, adotou, unilateralmente, uma política de controle do acesso dos trabalhadores às suas plantas industriais. Tal controle se baseia na aplicação (supostamente) aleatória do teste de alcoolemia, com o uso do etilômetro, sendo que o critério utilizado para a vedação do acesso ao trabalho é o mesmo previsto no Código de Trânsito Brasileiro, ou seja, a “tolerância zero”. O conflito que eclodiu desse regulamento de empresa foi apropriado pelo sindicato de classe, que solicitou a intervenção do Estado, através do Ministério do Trabalho. Este artigo é, de fato, um relato de campo, com aportes teóricos e pretensão conclusiva, ainda que preliminar, do qual se antecipa e compartilha, à guisa de percepção, que o antagonismo que emerge desse conflito ressuscita um velho pressuposto: a do déficit moral do operário como um aspecto constituinte de uma ontologia de classe.