A AULA NO BAR

UMA EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA PEDAGÓGICA EXTRAMUROS E EXTRAORDINÁRIA NO CONTEXTO DO ENSINO-APRENDIZAGEM EM ERGONOMIA

  • Marcello Silva e Santos UGB

Resumo

Muito tem sido discutido acerca de novas metodologias e tecnologias educacionais para fazer frente à rápida evolução da sociedade ocorrida nas últimas décadas. A popularização da informática e, principalmente, o advento da internet banda larga, torna a disponibilização de terabytes de informação uma tarefa simples, realizada em poucos minutos. Naturalmente, a qualidade desses dados, em termos de conhecimento aplicável, tende a ser constantemente questionada. De fato, percebe-se que muitas dessas novas propostas de cunho pedagógico – ou andragógico – são apenas novas formulações de receitas tradicionais. No fundo, o que alunos e professores sempre buscaram foi a plena satisfação com o seu papel. O professor realiza-se ao perceber que o conteúdo está sendo bem assimilado e motiva-se ao verificar que os alunos evidenciam sua satisfação com a forma pela qual esses conteúdos são transmitidos. Muito se tem falado nas metodologias ativas, mas será que antes todas as metodologias tradicionais eram “passivas”? Será que professores na década de 1970 ou 1980 eram ineficientes por não disporem de modernas tecnologias educacionais? A pesquisa no Google seria tão infinitamente superior em relação à pesquisa na Barsa ou Delta-Larrouse? O ato de copiar e colar equivale ao ato de ler e interpretar? Esses questionamentos iniciais são importantes para uma reflexão que permita construir um entendimento preciso da evolução do processo de ensino-aprendizagem, separando o que é modismo das práticas efetivas de transmissão e assimilação de conhecimento. Amparado por uma breve formulação teórica, esse artigo apresenta um estudo de caso em que os alunos de uma turma de engenharia de produção são convidados pelo professor a romper os muros do campus e escolher um local inusitado para desenvolver uma ação prática em Ergonomia, disciplina do nono período, do ciclo profissional. O Bar do Lucio, um estabelecimento comercial no ramo alimentício e de bebidas, não pode ser visto apenas em sua dimensão jurídica ou econômica. Em termos sociotécnicos, ele é um ambiente de trabalho composto por processos de natureza operacional, segmentado na área de prestação de serviços. No âmbito da organização, ele é um sistema de produção como qualquer outro, com fluxos, processo de transformação, além de processos operacionais e de gestão que precisam ser analisados e otimizados para atender seus clientes externos e internos (colaboradores), de forma a garantir a sustentabilidade do negócio. Mas o Bar do Lúcio é muito mais: ele é um símbolo de uma passagem de tempo que daqui a algumas décadas ainda estará presente nos corações e mentes de indivíduos, que terão sido não apenas estudantes de engenharia, mas principalmente jovens cujas lembranças desses momentos “não acadêmicos” não se distinguem daqueles em que todos buscavam o desvelamento de suas aptidões, a construção do saber formal e do autoconhecimento. O resultado dessa experiência mostrou que a interação do pesquisador-aluno com a fonte de seu aprendizado tende a potencializar a compreensão e assimilação do conteúdo, não mais estanque, mas de fato tangível e pertencente ao “mundo real”.


 


Palavras Chave: Aprendizagem Significativa, Problem-based Learning, Ergonomia

Como Citar
E SANTOS, Marcello Silva. A AULA NO BAR. Simpósio, [S.l.], n. 6, feb. 2018. ISSN 2317-5974. Disponível em: <https://revista.ugb.edu.br/index.php/simposio/article/view/659>. Acesso em: 24 nov. 2024.