A REFERÊNCIA À PRIMEIRA PESSOA DO PLURAL ENTRE INFORMANTES DE VOLTA REDONDA
Resumo
O processo de substituição de nós por a gente no português do Brasil (doravante PB) tem sido constantemente estudado nos últimos vinte e cinco anos por diferentes grupos de pesquisa, em diferentes regiões do país, sobretudo nas capitais. Com relação a esse tema, a pesquisa científica nacional acumula considerável produção bibliográfica, sobretudo de caráter variacionista (cf. VIANNA & LOPES, 2012). De maneira geral, os resultados obtidos caracterizam o fenômeno variável como sendo um caso de mudança em curso no PB. Em outras palavras, poder-se-ia dizer que gradativamente a forma inovadora (a gente) tem se generalizado na variedade brasileira, sobretudo na língua oral, substituindo a forma mais antiga (nós), em praticamente todos os contextos de uso. Nesse sentido, estariam atuando de maneira fundamental a preferência pelo uso inovador entre os jovens e o fato de não haver estigma associado ao uso da forma no desempenho oral dos falantes. Ainda que tais resultados encontrem eco na produção acadêmica de maneira geral, a maioria das descrições analisa exclusivamente o comportamento linguístico das capitais, ignorando como se processa o fenômeno nos demais municípios em cada estado. Como se sabe, as capitais, no Brasil como um todo, apresentam comportamento linguístico mais homogêneo do que o verificado nas áreas de entorno aos grandes centros. Assim sendo, urge a ampliação das pesquisas que tenham por base comunidades linguísticas ainda não investigadas, como é o caso de Volta Redonda. Adotando-se a perspectiva da Sociolinguística Variacionista (Labov,1994), o presente trabalho pretende analisar o fenômeno variável entre informantes de Volta Redonda, a fim de determinar os fatores linguísticos e sociais que atuam sobre ele.