RESISTÊNCIA TRAVESTI E TRANSEXUAL: Uma (R)Existência Política abjeta do Capital

TRANSVESTITE AND TRANSEXUAL RESISTANCE: An Existence or Resistance Political abject of Capitalism

  • Diego S. Santos
  • Sergio Luiz Baptista da Silva

Resumo

O presente artigo tem como objetivo aproximar de forma introdutória uma discussão sobre a potência desestabilizadora das identidades travestis e transexuais para o capitalismo. Há uma dificuldade da interlocução das discussões da teoria queer com as discussões sociais e políticas. Como Nancy Fraser apresenta, as reivindicações por reconhecimento e as reivindicações por redistribuição são antagônicas. Ao pensarmos as questões que discutem identidade e gênero, tentamos justapor essas reflexões de teóricos sobre desigualdade no seio do capitalismo. Entendemos que os ativismos locais dos corpos abjetos podem ser a resistência necessária para a saída da crise do capital, como aponta Wallerstein.


Abstract


The current work aims an introductory way a discussion about the destabilizing power of transvestite and transsexual identities for capitalism. There is a difficulty in discussing queer theory with social and political discussions. As Nancy Fraser puts it, claims for recognition and claims for redistribution are antagonistic. When we think about issues that discuss identity and gender, we try to juxtapose these reflections of theorists on inequality within capitalism. We understand that the local activism of the abject bodies may be the necessary resistance to exit from the capital crisis, as Wallerstein points out.

Referências

ANDRADE, Luma. Travestis na escola: assujeitamento e resistência à ordem normativa. Rio de Janeiro: Metanóia, 2015.
ARAN, Márcia. A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Rio de Janeiro: Ágora. v. 9, n. 1, p. 49-63, Junho de 2006. Disponível em: . Accesso em 22 Fev. 2016.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 1998.
______. Identidade: Entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Zahar, 2005a.
______. Vidas Desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2005b.
BECKER, Howard S. (1963). Outsiders: Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
BEHRING, Eliane Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro, Garamond, 2006.
______. O Que é a transexualidade? São Paulo: Brasiliense, 2008.
______. Transviad@s: gênero, sexualidade e direitos humanos. Salvador: EDUFBA, 2017
BENTO, Berenice; PELÚCIO, Larissa. Despatologização do gênero: a politização das identidades abjetas. Estudos Feministas, v. 20, n. 2, p. 569-581, 2012.
BORBA, Rodrigo. A linguagem importa? Sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cad. Pagu, Campinas , n. 43, p. 441-474, Dez. 2014. Dispinível em: . Acesso em 21 dez. 2018.
BOTTOMORE, Thomas (org.). Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1988.
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.
BORTOLINI, Alexandre. Pensando a Política Pública em Diversidade Sexual e de Gênero na Escola. Em: CANDAU, V.M.F. Diferenças Culturais e Educação: Construindo Caminhos. Rio de Janeiro, 7 Letras, 2011, pp.151-174.
BRODEUR, Jean-Paul. How recognize good policing - problems and issues. California: Sage Publications, 1998.
BUTLER, Judith. Bodies that Matter: On the Discursive Limits of “Sex”. Nova York, Routledge, 1993.
______. Excitable Speech: A Politics of the Performative. Nova York, Routledge, 1997a.
______. The Psychic Life of Power. Stanford, California, Stanford University Press, 1997b.
______. Performative Acts and Gender Constitution: An Essay on Phenomenology and Feminist Theory, 2004. Em: BIAL, H. The Performance Studies Reader. Nova York, Routledge, 2004, pp.154-166.
______. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
CAEIRO, Rui Miguel Pereira. Transexualidade(s) e travestilidade(s) no jornalismo: uma análise discursiva das notícias produzidas em Pernambuco pelo Aqui PE e Jornal do Commercio. 2016. 289 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação). Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco.
CHABAUD-RYCHTER, D. et al. O gênero nas ciências sociais: releituras críticas de Max Weber a Bruno Latour. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
CIDADE, Maria Luiza Rovaris. Nomes (im)próprios: registro civil, norma cisgênera e racionalidade do sistema jurídico. 2016. 199 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro.
DELL'AGLIO, Daniela Dalbosco. Marcha das vadias: entre tensões, dissidências e rupturas nos feminismos contemporâneos. 2016. 139 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social e Institucional). Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
DIAS, André Luiz Freitas et al . À margem da cidade: trajetórias de invisibilidade e exclusão de travestis em situação de rua. Gerais, Rev. Interinst. Psicol., Juiz de fora , v. 8, n. spe, p. 214-233, dez. 2015. Disponível em . acessos em 05 jan. 2019.
FRASER, Nancy. Reconhecimento sem ética? Lua Nova, n.70, p.101-38, 2007.
FOUCAULT, Michel. A. História da Sexualidade III: O Cuidado de Si. 8 ed. São Paulo, Edições Graal, 1985.
JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre a população transgênero: conceitos e termos. Brasília: Autor, 2012. Disponível em: . Acesso em 12/03/2016.
GARCIA, Thomás Coelho. Violência policial como tema público: o caso da “chacina do alemão”. Sociologia & Política – I seminário Nacional Sociologia & Política UFPR. UFPR: 2009. Disponível em: .Acesso em 12/03/2016.
LEITE JR., Jorge. "Nossos corpos também mudam": sexo, gênero e a invenção das categorias "travesti" e "transexual" no discurso científico. 2008. 230 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
LOURO, Guacira Lopes. Heteronormatividade e Homofobia. Em: JUNQUEIRA, Rogério D.(org). Diversidade sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2009. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2016.
MARX, Karl.. A chamada acumulação primitiva [1867]. Em: MARX, Karl. O Capital: para a crítica da economia política. Livro I, volume II, RJ: Civilização Brasileira, 2013. p. 833-885.
MOTA, Murilo. Ao sair do Armário entrei na velhice...: Homossexualidade masculina e o curso da vida. Rio de Janeiro: Mobile, 2014.
MÜLLER, Tânia M. P.; CARDOSO, Lourenço (org). Branquitude: Estudos sobre a Identidade Branca no Brasil. Curitiba: Appris Editora, 2017.
OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. O diabo em forma de gente: (r)existências de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação. 2017. 192 f. Tese (Doutorado em Educação) – Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, curitiba.
PETRY, Analídia Rodolpho; MEYER, Dagmar Elisabeth Estermann. Transexualidade e heteronormatividade: algumas questões para a pesquisa. Textos & Contextos: Porto Alegre, v. 10, n. 1, p. 193 - 198, jan./jul. 2011.
POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000.
QUIJANO, Anibal. Colonialidad del Poder y Clasificacion Social. Special Issue: Festchrift for Immanuel Wallerstein – Part I. Jornal of world-systems research. v.6, n.2, 2000, pp. 342-386.
_______. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires, Colección Sur Sur, 2005. pp.118-142.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento Editora, Selo Justificando, coleção Feminismos Plurais, 2017.
RUBIN, Gayle. O Tráfico de Mulheres: Notas sobre a economia política do sexo. S.O.S corpo: Recife, 1993.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso Sobre as Ciências. São Paulo: Cortez, 2008.
VERGNE, Celso et al. A palavra é... genocídio: a continuidade de práticas racistas no Brasil. Psicologia & Sociedade. 27(3), 2015. P. 516-528. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/psoc/v27n3/1807-0310-psoc-27-03-00516.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017.
WALLERSTEIN, Immanuel. Utopístíca ou as decisões históricas do século vinte e um. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2004.
ZILLI, Luís Felipe. O “mundo do crime” e a “lei da favela”: aspectos simbólicos da violência de gangues na região metropolitana de Belo Horizonte, Etnográfica, vol. 19 (3), 2015. Disponível em: http://journals.openedition.org/etnografica/4074. Acesso em 18 fev. 2018.
Como Citar
SANTOS, Diego S.; DA SILVA, Sergio Luiz Baptista. RESISTÊNCIA TRAVESTI E TRANSEXUAL: Uma (R)Existência Política abjeta do Capital. Episteme Transversalis, [S.l.], v. 10, n. 1, abr. 2019. ISSN 2236-2649. Disponível em: <http://revista.ugb.edu.br/ojs302/index.php/episteme/article/view/1310>. Acesso em: 18 abr. 2024.